Amazonas Energia corre risco de ser adquirida pelo Grupo J&F, dos irmãos Batista

A concessionária enfrenta sérios problemas financeiros há décadas e o Governo vinha estudando uma intervenção na empresa ou um processo de caducidade.

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AMAZONAS – Em uma transação no valor de R$ 4,7 bilhões, o grupo J&F Investimentos, dos irmãos Batista, pode adquirir um conjunto de usinas térmicas a gás da Eletrobrás, que envolve também a Amazonas Energia. A compra, realizada através da Âmbar Energia, empresa controlada pela J&F, inclui 13 ativos térmicos da Eletrobrás, com capacidade total de 2 gigawatts (GW) e contratos de fornecimento com prazos variando entre 2 a 6 anos.

A Eletrobrás já havia colocado esses ativos à venda desde julho do ano passado. Esta ação faz parte da estratégia da empresa de se desvencilhar de fontes de energia poluentes, focando seus investimentos e operações apenas em energias renováveis. A venda inclui ainda a transferência de todos os créditos da Eletrobrás contra a Amazonas Energia. Medida provisória do governo deve sair nos próximos dias para ajustar a concessão.

A aquisição da Amazonas Energia por parte dos irmãos Batista pode resolver um problema de longa data para o Governo Federal. A distribuidora de energia, que enfrenta sérios problemas financeiros há décadas, estava sob constante avaliação do Governo, que considerava uma intervenção direta ou o processo de caducidade da concessão devido à sua situação precária.

De acordo com uma fonte próxima à Amazonas Energia, ouvida pelo Brazil Journal, a venda dos ativos térmicos da Eletrobrás está alinhada com um acordo mais amplo, no qual os irmãos Batista se comprometem a adquirir também a Amazonas Energia. “Os irmãos Batista vão levar o filé mignon, que são os ativos térmicos, mas em troca vão ajudar o Governo a resolver a situação da Amazonas Energia, que estava completamente quebrada”, disse a fonte.

Essa fonte também destacou que essa solução é a menos traumática para o sistema. A Eletrobrás, ao se desfazer dos ativos térmicos, não apenas alinha suas operações com sua nova visão estratégica, mas também contribui para a estabilização de um setor problemático. Para a J&F Investimentos, a aquisição representa uma expansão significativa no setor de energia, consolidando ainda mais a presença do grupo no mercado.

A Amazonas Energia, responsável pela distribuição de energia no estado do Amazonas, há muito tempo enfrenta desafios financeiros.

Irmãos Batista

Os irmãos Joesley e Wesley Batista, sócios na J&F Investimentos, holding que controla a JBS, voltaram recentemente aos cargos no conselho de administração da gigante do setor alimentício. A dupla havia se afastado em 2017, após um escândalo de corrupção envolvendo o ex-presidente Michel Temer. Na época, a delação premiada de Joesley Batista revelou pagamentos de até US$ 150 milhões em propina “em favor” dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, por meio de depósitos em contas no exterior.

O escândalo gerou grande repercussão no Brasil, culminando na prisão dos irmãos em 2017. Eles foram acusados de uso indevido de informação privilegiada e manipulação do mercado financeiro, sendo indiciados uma semana após a prisão. No entanto, em 2018, os irmãos foram soltos, e a investigação seguiu seu curso.

A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) absolveu, em novembro de 2023, a J&F Investimentos e os irmãos Batista das acusações de manipulação do mercado financeiro.

Em fevereiro deste ano, os irmãos já haviam retomado suas posições no conselho de administração da Pilgrim’s Pride, uma produtora de frango dos Estados Unidos e uma das empresas do grupo JBS. Agora, com a decisão favorável da CVM, Joesley e Wesley Batista retornam ao conselho da JBS, sinalizando um novo capítulo para a empresa.

 

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