Manaus (AM) – O assassinato do sargento da Polícia Militar Elizeu da Paz de Souza, ocorrido na madrugada de terça-feira (5), trouxe uma reviravolta no caso do engenheiro Flávio Rodrigues, crime que abalou Manaus em 2019 e envolveu figuras de destaque. Elizeu, que era réu no caso do engenheiro, foi baleado na cabeça com sua própria arma, e o principal suspeito é o lutador Mayc Vinícius Teixeira Paredes, com quem mantinha uma longa amizade.
A seguir, uma linha do tempo dos acontecimentos, desde o caso Flávio até o recente assassinato de Elizeu.
Setembro de 2019: O Assassinato do engenheiro Flávio Rodrigues
O engenheiro civil Flávio Rodrigues foi encontrado morto em uma área de mata na zona Oeste de Manaus, em 30 de setembro de 2019. Na noite anterior, ele havia estado na casa de Alejandro Valeiko, filho da então primeira-dama do município, em uma reunião com amigos e conhecidos. De acordo com o Ministério Público, Alejandro, José Edvandro Júnior e Elielton Magno consumiam bebidas e drogas no local quando uma série de eventos suspeitos ocorreu.
Naquela noite, o sargento Elizeu e Mayc foram ao condomínio em um Corolla preto. Segundo o MP, ambos tinham autorização para entrar no local, mas detalhes sobre o que ocorreu dentro da casa nunca foram totalmente esclarecidos. No entanto, após a entrada de Elizeu e Mayc, Flávio foi encontrado morto na área de mata na manhã seguinte. O caso gerou grande repercussão e resultou em diversas prisões, incluindo Elizeu, Mayc e Alejandro.
2019-2021: Prisão e liberdade provisória
Em 2019, o então prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, exonerou Elizeu do cargo de assessor da Casa Militar. O Ministério Público denunciou Elizeu, Alejandro, Mayc e outros envolvidos por homicídio qualificado. Em 2021, Elizeu conseguiu prisão domiciliar devido a problemas de saúde e passou a ser monitorado com tornozeleira eletrônica. Ele continuava a se apresentar mensalmente à Justiça e tinha restrições de mobilidade.
4 de Novembro de 2024: A morte do sargento
De acordo com informações divulgadas durante uma coletiva de imprensa realizada pela Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS), Elizeu e Mayc, que mantinham uma amizade de anos, estavam juntos desde as 14h do dia anterior, consumindo bebida alcoólica. Às 13h do dia do crime, Elizeu solicitou um motorista de aplicativo para ir até um bar, acompanhado de Mayc.
Conforme o relato do motorista, Elizeu estava “falante” e ocupava o banco da frente, enquanto Mayc, sentado no banco traseiro, permanecia em silêncio, com a cabeça baixa. A corrida durou cerca de dois minutos até o motorista ouvir um disparo, que inicialmente achou ser um estouro de pneu. Ao se virar, percebeu que Elizeu estava gravemente ferido e sangrando, enquanto Mayc rapidamente deixou o carro, levando a arma do sargento consigo.
Testemunhas vão à polícia
Elizeu foi levado ao Hospital e Pronto Socorro João Lúcio, mas teve a morte cerebral confirmada na madrugada de terça-feira. Durante as investigações, a polícia ouviu a filha de Elizeu, que declarou que seu pai confiava muito em Mayc, ao ponto de entregar sua arma ao amigo quando estava embriagado. Imagens de câmeras de segurança mostraram Mayc correndo com a arma de Elizeu nas mãos após o crime.
Em seu depoimento, Mayc afirmou que não cometeu o assassinato. No entanto, uma terceira testemunha relatou que, apesar de a amizade entre os dois ser antiga, eles teriam se afastado recentemente após uma briga, o que gerou especulações sobre o motivo do crime.
Com a prisão de Mayc, o caso ainda aguarda respostas definitivas. As autoridades seguem investigando as circunstâncias do homicídio de Elizeu e o papel que a amizade tumultuada com Mayc pode ter desempenhado no desfecho trágico.