BRASIL – A vereadora de São Paulo Janaína Paschoal (PP) publicou nesta quarta-feira uma mensagem criticando o general Walter Braga Netto. No texto, ela responsabiliza o militar pela derrota de Jair Bolsonaro (PL) nas eleições de 2022, mas o defende da suposta trama golpista denunciada pela Polícia Federal nesta semana.
“Entendo, firmemente, que perdemos o Brasil por culpa de Braga Neto. Eu não suporto este homem”, escreveu a advogada.
Na avaliação dela, Bolsonaro escolheu Braga Netto para “se blindar de um possível impeachment no segundo mandato”, mas o ex-presidente deveria ter convidado a ex-ministra Tereza Cristina para compor a chapa como vice.
“(Bolsonaro) chamou um general mais pesado do que o que já tinha, e entregou a nação à esquerda”, escreveu Paschoal.
Em 2018, Janaína Paschoal chegou a ser convidada para ser vice de Bolsonaro nas eleições que seriam vencidas pelo então candidato do PSL. A advogada, professora da USP, havia despontado publicamente como uma das autoras do pedido que levou ao impeachment de Dilma Rousseff (PT), em 2016.
“Conversei com o Dep. Bolsonaro e com o Pres. do PSL, Dr. Gustavo Bebiano, e cheguei à conclusão de que, neste momento, não tenho como concorrer à Vice-Presidência. Por questões familiares, por ora, eu não posso me mudar para Brasília. A minha família não me acompanharia”, escreveu, à época.
Trama golpista
Na publicação, a vereadora ainda criticou a investigação sobre a suposta trama golpista que, segundo a Polícia Federal, planejou a morte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice Geraldo Alckmin e do ministro do STF Alexandre de Moraes.
“Creio que as pessoas que estão pedindo a prisão de Braga Neto não leram a decisão do Ministro Alexandre. No PDF disponibilizado, nada evidencia a participação do General na tal trama”, alegou.
Ainda na avaliação dela, não é “crível” que o assassinato de altas autoridades seja tramado contando com o uso de um táxi.
“Pelos relatórios mencionados, eles teriam evitado pedir Uber, para suas localizações não ficarem registrados na plataforma, mas não conseguiram um táxi e abortaram o plano, que, nos diálogo, tratam como jogo. Não é possível!”
O relatório da PF, no entanto, não aponta que a falta de um táxi foi o motivo para que o plano não fosse adiante. No dia 15 de dezembro de 2022, a duas semanas da posse do presidente eleito, os suspeitos, segundo a PF, criaram um grupo batizado como “Copa 2022” no aplicativo Signal para se comunicar durante a ação.
Para manter o anonimato, eles usaram números de telefones registrados em nomes de outras pessoas e se identificavam por codinomes: “Brasil”, “Gana”, “Alemanha”, “Áustria” e “Japão”.
A troca de mensagens, segundo a PF, indica que por volta das 20h30m daquele dia eles se posicionaram em locais previamente estabelecidos para executar a ação, como o estacionamento de um restaurante e a quadra onde fica o apartamento funcional de Moraes na capital federal.
Vinte minutos depois, porém, um dos integrantes do grupo enviou o link de uma notícia a respeito do adiamento de um julgamento que ocorria naquela data no STF. Em seguida, ele deu a ordem para “abortar” a missão.
Paschoal ainda pede que se levante o sigilo dos documentos que instruíram a decisão da prisão dos quatro militares e de um policial federal.
“O País tem direito a esse resgate histórico. Queremos conhecer a verdade. Se houver diligências futuras, que se mantenha o sigilo do que for necessário, mas precisamos ler os planos, os relatórios e os diálogos interceptados, na íntegra”, diz a vereadora.
Veja a publicação completa da advogada
Eu entendo, firmemente, que perdemos o Brasil por culpa de Braga Neto. Eu não suporto este homem. Se Bolsonaro tivesse chamado Tereza Cristina para vice, não estaríamos nesta situação. Mas não, ele quis se blindar de um possível impeachment no segundo mandato, chamou um general mais pesado do que o que já tinha, e entregou a nação à esquerda. Não obstante, eu creio e as pessoas que estão pedindo a prisão de Braga Neto não leram a decisão do Ministro Alexandre. No PDF disponibilizado, nada evidencia a participação do General na tal trama. Os jornalistas, por dever de ofício, também deveriam ler, antes de falar em tentativa de homicídio. Com todo respeito, não é crível que o assassinato de altas autoridades seja tramado, contando com o uso de um táxi! Pelos relatórios mencionados, eles teriam evitado pedir Uber, para suas localizações não ficarem registrados na plataforma, mas não conseguiram um táxi e abortaram o plano, que, nos diálogo, tratam como jogo. Não é possível! Insisto, sempre respeitosamente, que se levante o sigilo dos documentos que instruíram a decisão, pois o País tem direito a esse resgate histórico. Queremos conhecer a verdade. Se houver diligências futuras, que se mantenha o sigilo do que for necessário, mas precisamos ler os planos, os relatórios e os diálogos interceptados, na íntegra.