Estresse crônico leva a desequilíbrio da flora intestinal e piora de câncer colorretal

0
54

BRASIL – Uma pesquisa recente revelou que o estresse crônico pode agravar o câncer colorretal ao desbalancear a flora intestinal. O estudo sugere que esse efeito ocorre devido à influência negativa do estresse crônico sobre as bactérias do gênero Lactobacillus, essenciais para a regulação da resposta imunológica antitumoral mediada por células de defesa do corpo.

O estresse crônico é caracterizado por períodos prolongados de tensão e afeta o sistema nervoso simpático (SNS) e o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HPA), ambos cruciais na resposta do corpo a situações de perigo. Segundo a pesquisadora Qing Li, responsável pelo estudo apresentado na UEG (United European Gastroenterology), esses sistemas, quando desregulados, podem levar a distúrbios graves, como a piora do câncer colorretal.

Li destaca que pacientes com câncer colorretal e estresse crônico têm um risco 38% maior de mortalidade em comparação aos pacientes sem estresse. Para entender melhor essa relação, Li conduziu experimentos em camundongos, simulando estresse crônico ao restringir seus movimentos por horas diárias. Os resultados mostraram alterações significativas na microbiota intestinal dos animais, indicando que o estresse impacta diretamente o equilíbrio das bactérias intestinais.

Ao transplantar fezes de camundongos estressados para outros sem estresse, os pesquisadores confirmaram que essas alterações microbiológicas promoviam a progressão do câncer. Em outro experimento, ao eliminar as bactérias intestinais com antibióticos, foi observado que o estresse crônico não agravava o câncer colorretal, reforçando que as bactérias são essenciais nesse processo.

O estudo sugere que o gênero Lactobacillus desempenha um papel crucial ao fortalecer as células T CD8+, que atuam na resposta imunológica contra tumores. A diminuição dessa função imunológica, provocada pela redução dos Lactobacillus, pode piorar o quadro do câncer. No futuro, Li planeja investigar mais a fundo o papel dessas bactérias no sistema imunológico humano e coletar dados de pacientes para confirmar os achados em seres humanos.

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui