Especialista alerta para aumento de doenças inflamatórias intestinais no Brasil

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BRASIL – No Brasil, as doenças inflamatórias intestinais (DIIs) vêm apresentando um aumento significativo na incidência, afetando principalmente homens e mulheres entre 15 e 40 anos, de acordo com dados da Sociedade Brasileira de Coloproctologia. Estima-se que no Sistema Único de Saúde (SUS) haja cerca de 100 casos para cada 100 mil habitantes. Essas doenças crônicas e imunomediadas têm origem no próprio organismo, desencadeando uma resposta inflamatória anormal após exposição a determinados gatilhos.

Para conscientizar a sociedade sobre as DIIs e promover um diagnóstico precoce, a indústria, os pacientes e os médicos desempenham um papel fundamental. Segundo a médica gastroenterologista Dra. Paula Senger, é essencial identificar os sintomas precocemente e buscar o tratamento adequado para garantir maior sucesso no tratamento.

“A doença inflamatória intestinal é uma condição crônica e progressiva, caracterizada por ativações imunes e consequentes inflamações no trato gastrointestinal. As principais são a retocolite ulcerativa e a Doença de Crohn”, explica a especialista.

Enquanto a retocolite ulcerativa afeta exclusivamente o intestino grosso, a doença de Crohn pode acometer todo o trato gastrointestinal, desde a boca até o final do intestino, sendo mais comum no intestino delgado e grosso.

Os sintomas mais comuns das DIIs incluem dor abdominal e diarreia, sangramento nas fezes, emagrecimento, anemia e febre. Na doença de Crohn, podem ocorrer também fístulas e abcessos perianais. O diagnóstico das DIIs é realizado por meio de uma combinação de sintomas clínicos, exame físico e exames complementares, como análises de sangue, fezes, colonoscopia, ressonância magnética ou tomografia específica para o intestino.

A gastroenterologista ressalta que o diagnóstico precoce é crucial, pois interfere diretamente na resposta ao tratamento e na prevenção de complicações relacionadas à doença. “Uma vez que existe suspeita de doença inflamatória intestinal, é muito importante buscar um especialista para um diagnóstico preciso e iniciar o tratamento o mais cedo possível”, enfatiza a Dra. Paula Senger.

Embora o tratamento clínico seja a primeira abordagem, a cirurgiã e coloproctologista, Dra. Mariane Savio, também especialista em doenças inflamatórias intestinais no CIGHEP, destaca que em alguns casos pode ser necessária a intervenção cirúrgica, especialmente em pacientes com doença de Crohn.

“Mais da metade dos pacientes com doença de Crohn precisarão de algum procedimento cirúrgico em algum momento da vida, seja para a remoção de partes do intestino ou para tratar complicações na região perianal”, ressalta a médica.

No entanto, a cirurgiã enfatiza que o tratamento cirúrgico não significa o fim do tratamento, mas sim um importante passo para atingir a remissão da doença. Acompanhamento médico regular é essencial para monitorar a resposta ao tratamento e realizar ajustes, se necessário. Ela também ressalta que a abordagem multidisciplinar, com a participação de gastroenterologistas e coloproctologistas, é fundamental para o sucesso no tratamento das DIIs.

Novos tratamentos

O tratamento das DIIs é contínuo e visa controlar a inflamação intestinal, prevenir a progressão da doença e evitar a necessidade de cirurgias. Opções de tratamento incluem corticoides, imunossupressores e medicamentos biológicos.

Com os avanços da medicina, novos medicamentos imunobiológicos têm sido desenvolvidos, oferecendo mais opções de tratamento para os pacientes. “Essas ‘pequenas moléculas’, de administração oral, têm se mostrado eficazes no controle da inflamação intestinal, complementando os medicamentos biológicos já disponíveis”, destaca a Dra. Mariane Savio.

Segundo as especialistas, é fundamental que a sociedade esteja atenta aos sintomas e busque auxílio médico especializado para investigar possíveis casos de doenças inflamatórias intestinais. Quanto mais cedo for realizado o diagnóstico, melhores serão as respostas aos medicamentos e menores serão as chances de complicações e necessidade de cirurgias no futuro.

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