Parlamentares ligados ao presidente do PSL cobram a retirada de cargos dos deputados que ameaçam deixar o partido
Nesta quarta, dia 9, a deputada Alê Silva (PSL-MG), que faz parte do grupo dissidente, perdeu a vaga que tinha na Comissão de Tributação e Finanças. Ela vinha fazendo críticas públicas à legenda.
A retirada de cargos dos deputados na Câmara foi discutida em reunião da bancada na noite de quarta. Em declaração ao site G1, o deputado Junior Bozella (PSL-SP), da ala “bivarista”, defendeu a punição. “O partido é sério, é uma instituição e tem regra. Então, aquele que descumprir e atacar a imagem da instituição, automaticamente sofrerá algum tipo de punição, com certeza”, disse.
A declaração foi criticada por Eduardo Bolsonaro, que foi ao Twitter dizer que o deputado fala “merda”. O filho do presidente comanda o Diretório Estadual do PSL em São Paulo. Ele substituiu Bozella, que entrou em atrito com o grupo ligado a Bolsonaro.
Além da comissão presidida por Eduardo, o PSL também comanda outras duas comissões: a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), com Fernando Francischini (PSL-PR), e da Fiscalização, com Léo Motta (PSL-MG). Os dois, porém, não fazem parte do grupo que ameaça deixar o partido.
Carta em apoio a Bolsonaro
Após a reunião de quarta-feira da bancada, um grupo de 19 deputados do PSL ligados a Bolsonaro divulgou uma carta em desagravo ao presidente, principal estrela da sigla, mas que discute a possibilidade de deixar a legenda. O documento cobra “novas práticas” da atual direção da sigla, mas diz que a ala bolsonarista da bancada “não perdeu a esperança” de que seja aberto um “canal de diálogo”.
Na carta, parlamentares não falam em deixar o partido, mas, em reservado, alguns tratam o documento como uma espécie de ultimato. Na manhã de quarta, Bivar disse ao Estadão/Broadcast considerar que o presidente já decidiu pela saída do partido.
“Quando ele diz a um estranho para esquecer o PSL, mostra que ele mesmo já esqueceu. Mostra que ele não tem mais nenhuma relação com o PSL”, afirmou.
Em entrevista ao site O Antagonista, Bolsonaro disse que não sairá do partido de “livre e espontânea vontade”. O presidente tenta encontrar uma saída jurídica para deixar o PSL sem que parlamentares de seu grupo percam mandato por infidelidade partidária.